Segunda Feira – 6ª. Semana da Páscoa

Amados irmãos e irmãs31914045_1676021862483032_6132855686826033152_n

“… virá a hora em que todo aquele que vos tirar a vida julgará prestar culto a Deus”.
Jesus alertava neste caso que os cristãos seriam mortos em nome de Deus; ou seja, pessoas que alegam estar defendendo a fé acusariam os cristãos de ser contra esta mesma fé.
Se caminharmos na história do cristianismo vamos ver que isto não ficou restrito à Igreja Primitiva, mas sempre acompanhou os cristãos este tipo de perseguição.
O que a torna mais inexplicável é que na época dos apóstolos a perseguição partia de pessoas que não eram cristãs e no decorrer da história podemos localizar verdadeiras carnificinas humanas entre cristãos, ou seja, cristão matando cristão em nome de Jesus.
A razão da perseguição permanece a mesma: falta de conhecimento do Pai e do Filho; imagem equivocada de Deus e de seu projeto e dureza de coração.
Ao nos aproximarmos da solenidade de Pentecostes, a liturgia da palavra vai contribuindo conosco para podermos ir compreendendo a pessoa e a missão do Espírito Santo. Ela vai nos preparando para sermos dóceis a este mesmo Espírito.
Tanto o Pai (14,26) quanto Jesus (15,26) envia o Espírito Santo, ou seja, O Espírito procede do Pai e do Filho e aqui vale lembrar que esta foi uma das questões do chamado cisma do oriente o “Filioque” e aqui lembramos que surgiu então a Igreja Católica do Oriente.
Vale aqui lembrar para os nossos tempos a questão da intolerância religiosa que camuflada de várias formas tem feito muitas vítimas. Não queiramos nos passar somente como vítimas, mas peçamos que pela ação deste mesmo Espírito Santo sejamos levados a reconhecer das vezes em que nós cristãos católicos fomos intolerantes com outros irmãos de religiões diferentes da nossa; das vezes em que desrespeitamos seus símbolos e sua fé e até quando rezamos como se fosse oração de bruxaria pedindo a Deus o mal para o outro que não comunga da nossa fé.
São Pedro Crisólogo, bispo e doutor da Igreja no Sermão 108; PL 52, 499 nos ensina: Rogo-vos, pois, irmãos, pela misericórdia de Deus, que ofereçais o vosso corpo como hóstia viva, santa e agradável a Deus (Rm 12,1). Através deste pedido, o apóstolo Paulo ensina todos os homens a participarem no sacerdócio. O homem não procura no exterior o que vai oferecer a Deus, antes traz consigo e em si o que vai sacrificar a Deus para seu próprio bem. Rogo-vos pela misericórdia de Deus. Irmãos, este sacrifício é à imagem de Cristo, que imolou o seu corpo e ofereceu a sua vida pela vida do mundo. Na verdade, Ele fez do seu corpo um sacrifício vivo, Ele que vive ainda, após ter sido morto. Neste tão grande sacrifício, a morte é aniquilada, é conquistada pelo sacrifício. É por isso que os mártires nascem no momento da sua morte e começam a sua vida quando a terminam; vivem quando são mortos e brilham no céu quando, na terra, se pensa que morreram. O profeta cantou: Não desejais sacrifícios nem oblações – abristes os meus ouvidos – não pedis holocaustos nem vítimas (Sl 39,7). Seja simultaneamente o sacrifício oferecido e aquele que o oferece a Deus. Não percas aquilo que o poder de Deus te ofereceu. Veste o manto da santidade. Toma o cinto de castidade. Que Cristo seja o véu da tua cabeça; a cruz, a proteção da tua testa que te dá perseverança. Conserva no teu coração o sacramento das Escrituras divinas. Que a tua oração arda sempre como incenso agradável a Deus. Toma a espada do Espírito (Ef 6,17); que o teu coração seja o altar onde poderás, sem temor, oferecer toda a tua pessoa e toda a tua vida. Oferece a tua fé para punir a descrença; oferece o teu jejum para pôr fim à voracidade; oferece a tua castidade para que a sensualidade morra; sê fervoroso para que a maleficência acabe; faz obras de misericórdia para pôr fim à avareza; e, para suprimir a futilidade, oferece a tua santidade. Deste modo a tua vida tornar-se-á a tua oferenda, se ela não tiver sido ferida pelo pecado. O teu corpo vive, sim, vive, todas as vezes que, ao fazeres o mal morrer em ti, ofereceres a Deus virtudes vivas.
Na leitura dos Atos dos apóstolos vemos que Lídia foi batizada juntamente com a sua família e logo em seguida nos dá lição de acolhida ao pedir: “Se julgais que tenho fé no Senhor, entrai em minha casa e ficai comigo”. Nós hoje temos grande dificuldade de acolher as pessoas na Igreja; um dos pontos que melhor precisa ser trabalhado é justamente este e aqui ficamos a imaginar esta mulher de Tiatira acolhendo não na Igreja, mas em sua casa aqueles que vinham em nome do Senhor. Ela só fez isto porque primeiro acolheu em seu coração a Palavra anunciada e ao receber o batismo o Espírito Santo lhe abre a mente e o coração.
Lídia nos ensina e muito a como acolher os irmãos e irmãs.

Rezemos com o Salmista: Cantai ao Senhor Deus um canto novo e o seu louvor na assembléia dos fiéis! Alegre-se Israel em que o fez,e Sião se rejubile no seu rei! Com danças glorifiquem o seu nome, toquem harpa e tambor em sua honra! Porque, de fato, o Senhor ama seu povo e coroa com vitória os seus humildes. Exultem os fiéis por sua glória e, cantando, se alevantem de seus leitos com louvores do Senhor em sua boca. Eis a glória para todos os seus santos.

Reflexão feita pelo Diácono Irmão Francisco 
Fundador da Comunidade Missionária Divina Misericórdia

1ª. Leitura: Atos 16,11-15
Salmo: 149 
Evangelho: João 15,26-16,4