Segunda Feira – 15.ª Semana Comum

13669173_1023189627766262_8213690792468510576_nAmados irmãos e irmãs

“Quem não toma a sua cruz e não me segue, não é digno de mim. Aquele que tentar salvar a sua vida perdê-la-á. Aquele que a perder, por minha causa, reencontrá-la-á”.

Jesus quer nos ensinar que quando abraçamos nossa Cruz exercemos o discipulado, a missão com sinceridade, colocando o Evangelho em primeiro lugar. Estaremos tão ocupados em amar e servir os outros que não teremos tempo para buscar nossos interesses e nossas neuroses. Tomar a cruz e seguir Jesus é deixar todas as nossas conveniências e interesses para trás, é renunciar aos prazeres que o mundo oferece. O grande ensinamento que tiramos deste Evangelho é que a salvação é comunitária, ou seja, ninguém se salva sozinho.

O discurso envolvendo graus de parentesco Jesus quer nos ensinar que nenhum laço afetivo deve preceder ao amor por Jesus, nenhum laço afetivo pode ser obstáculo para o seguimento de Jesus Cristo.

Também parece estranho Jesus dizer que não veio trazer a paz, mas a espada; porém é preciso entender que as palavras de Jesus visam dirimir um mal-entendido, ou seja, Ele quer deixar claro que não é uma paz como a “ pax romana”; onde falsidade encobre as maldades e as injustiças. Jesus quer sim a paz para toda a humanidade, mas sobre bases verdadeiras!

Jean Tauler , dominicano em seu Sermão 59, 4º para a Exaltação da Santa Cruz diz: “ Deus atrai o homem a si; porque é necessário que Ele comece por te separar de todos os bens, exteriores ou interiores, a que estás agarrado, tendo neles a tua plena satisfação. Este desprendimento é uma cruz penosa, e tanto mais penosa quanto mais forte e firmemente estiveres agarrado a eles. Porque foi que Deus permitiu que raros sejam os dias e as noites que se assemelham aos anteriores? Porque será que aquilo que te ajudou à devoção hoje será inútil amanhã? Porque tens dentro de ti tão grande confusão de imagens e pensamentos que a nada levam? Meu menino, aceita a cruz que Deus te envia, que será para ti uma cruz amável se fores capaz de oferecer estas provações a Deus, de as aceitar dele com verdadeiro abandono e de lhe agradecer: A minha alma engrandece o Senhor (Lc 1,46). Quer Deus tome, quer dê, o Filho do Homem tem de ser elevado à cruz. Meu menino, deixa tudo isso e aplica-te ao verdadeiro abandono, esforçando-te por aceitar a cruz da tentação em vez de procurares a flor da suavidade espiritual. Nosso Senhor disse: Se alguém quer vir após Mim, tome a sua cruz e siga-me (Lc 9,23)”.

Para quem não entende o que é a falsa e negociada paz basta lembrar-se do tempo da ditadura militar no Brasil onde se mostrava uma paz exterior para encobrir os horrores dos porões onde acontecia tortura e morte.

Eusébio de Cesaréia, bispo e teólogo nos ensina que Jesus veio reconciliar todas as coisas, pacificando com o sangue da sua cruz tanto as que estão na Terra como as que estão no céu (Cl 1,20). Se isto é verdade, como compreenderemos nós o que o próprio Salvador diz no Evangelho: “Não penseis que vim trazer a paz à Terra”? Acaso poderia a paz não trazer a paz? Quando enviou o seu Filho, o desígnio de Deus era salvar os homens. E a missão que devia cumprir era a de estabelecer a paz no céu e na Terra. Então porque não há paz? Por causa da fraqueza daqueles que não conseguiram receber o brilho da Luz verdadeira (cf Jo 1, 9-10). Cristo proclama a paz; é o que diz também o apóstolo Paulo: Ele é a nossa paz (Ef 2,14); mas trata-se unicamente da paz daqueles que crêem e que o recebem. Certa filha fez-se crente, mas seu pai continua descrente: que parte pode ter o fiel com o infiel? (2Cor 6,15). Torna-se crente o filho, mas o pai mantém-se incrédulo: onde a paz é proclamada, instala-se a confusão. Proclamo a paz, sim, mas a Terra não a recebe. Não era este o desígnio do semeador, que esperava o fruto da Terra.

Na leitura do livro do profeta Isaías vemos que o culto desligado da vida, não agrada ao Senhor. Não se pode pretender glorificar a Deus e pisar os fracos e pobres. Tem que haver coerência entre o que se faz na Igreja e o que se vive no mundo.

Rezemos com o Salmista: Quem me oferece um sacrifício de louvor, este sim é que honra de verdade. A todo homem que procede retamente eu mostrarei a salvação que vem de Deus. Amém.

Reflexão feita pelo Diácono Irmão Francisco
Fundador da Comunidade Missionária Divina Misericórdia

1ª. Leitura: Is 1,10-17
Salmo: 49
Evangelho: Mateus 10,34-11,1