Sábado – 2ª. Semana do Advento

Amados irmãos e irmãs 
“Ora, eu vos digo: Elias já veio, mas eles não o reconheceram. Ao contrário, fizeram com ele tudo o que quiseram. Assim também o Filho do Homem será maltratado por eles”.
João Batista era Elias reencarnado?
Na conversa depois da Transfiguração, Jesus afirmou que “Elias já veio, e não o reconheceram. Então os discípulos entenderam que lhes falara a respeito de João Batista” (Mt 17,12-13). De fato, Jesus já havia dito que João cumpriu a profecia da vinda de Elias (Mateus 11,14; veja Ml 3,1-5.23).
A profecia de Malaquias é importante, porque mostra que Deus enviaria um mensageiro para preparar o caminho de Jesus. Mas, algumas pessoas dizem que João Batista era Elias reencarnado.
Devemos distinguir entre o sentido simbólico da profecia e a afirmação literal que o próprio João fez em outro lugar. João agiu do mesmo modo de Elias. Usava roupas de pelos (Mc 1,6; II Reis 1,8) e morava nos lugares desertos e afastados (Mateus 3,1; I Reis 17,2-6). Elias introduziu uma nova época de profecia, em que Deus julgou o povo rebelde e desobediente. João, também, introduziu uma época de nova revelação, em que o Filho de Deus veio para julgar o mundo. Mas, tudo isso não quer dizer que João era, literalmente, Elias. Quando os sacerdotes e levitas perguntaram para João: “És tu Elias? Ele disse: Não sou” (Jo 1,21). Ele afirmou que veio para cumprir algumas profecias do Velho Testamento, mas deixou bem claro que não era Elias.
A doutrina de reencarnação faz parte dos ensinamentos de diversas religiões, mas não se encontra nas Escrituras. A Bíblia afirma: “E, assim como aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo, depois disto, o juízo…” (Hb 9,27). Depois da morte, vamos ser julgados por Jesus “segundo o bem ou o mal que tiver feito por meio do corpo” (II Coríntios 5,10). Observe que ele não falou “por meio dos corpos”.
Mais uma advertência: o problema maior da doutrina de reencarnação é a idéia de aperfeiçoamento através de várias vidas. Essa noção nega a doutrina bíblica de salvação pela graça de Deus (Ef 2,8). Mesmo se fosse possível viver mil vezes, o homem não é capaz de se salvar sozinho.
Santo Agostinho, bispo de Hipona e doutor da Igreja nos Discursos sobre o salmo 109 nos ensina que Deus fixou um tempo para as suas promessas e um tempo para realizar aquilo que tinha prometido. O tempo das promessas foi o tempo dos profetas, até João Batista; a partir dele e até ao fim, é o tempo de concretizar o que tinha sido prometido. Deus é fiel: Ele se fez nosso devedor, não para receber de nós fosse o que fosse, mas por nos ter prometido grandes coisas. E prometer foi pouco: quis comprometer-se por escrito, fazendo conosco um contrato através das suas promessas; assim, quando começar a cumprir as suas promessas, poderemos ponderar na Escritura a ordem pela qual se deve realizar o que Ele tinha prometido. É por isso que o tempo da profecia, como dissemos tantas vezes, foi a predição das promessas.
Prometeu-nos a salvação eterna, uma vida feliz sem fim na companhia dos anjos e uma herança incorruptível (cf 1Pd 1,4), a glória eterna, a doçura do seu rosto, a morada da sua santidade nos céus e, pela ressurreição dos mortos, deixarmos de ter medo de morrer. Tal é a sua promessa, o objetivo para o qual se dirige todo o nosso esforço e, quando lá chegarmos, já não teremos de procurar nem de exigir mais nada.
E o plano segundo o qual chegaremos a esse objetivo final foi-nos mostrado por Ele, pelas suas promessas e anúncios. Com efeito, prometeu aos homens a divindade, aos mortais a imortalidade, aos pecadores a justificação, aos humilhados a glorificação.
Na leitura do livro do Eclesiástico vemos que quando se fala do profeta Elias dá para perceber que seu modo de agir e viver é muito próximo do de João Batista. O zelo de Elias era tanto que talvez beirasse ao extremo da busca de santidade e isto fez com que poucos permanecessem. Elias é tido como alguém especial com o qual não se pode comparar outro e aí nos lembramos das palavras de Jesus que disse não haver homem maior nascido de mulher ao se referir a João Batista.
Rezemos com o Salmista: Voltai-vos para nós, Deus do universo! Olhai dos altos céus e observai. Visitai a vossa vinha e protegei-a! Foi a vossa mão direita que a plantou; protegei-a e ao rebento que firmastes! Pousai a mão sobre o vosso Protegido, o filho do homem que escolhestes para vós! E nunca mais vos deixaremos Senhor Deus! Dai-nos vida, e louvaremos vosso nome! Amém.

Reflexão feita pelo Diácono Irmão Francisco 
Fundador da Comunidade Missionária Divina Misericórdia

1ª. Leitura: Eclo 48,1-4.9-11
Salmo: 79
Evangelho: Mt 17,10-13