Quinta feira – 2ª. Semana do Advento

Amados irmãos e irmãs 
“Em verdade vos digo: Entre os nascidos de mulher, não apareceu ninguém maior do que João Batista; e, no entanto, o menor no Reino do Céu é maior do que ele”.
Como entender as enigmáticas palavras de Jesus ao dizer que o Reino dos Céus sofre violência, e são os violentos que o conquistam. A palavra “violência” neste contexto deve ser entendida no sentido de lutar contra si mesmo, contra as próprias inclinações perversas; ou até mesmo os desejos de riqueza material, poder e luxuria.
Não tenhas medo é uma expressão que aparece inúmeras vezes na bíblia tanto no AT como no NT e foi a dita a Abraão, Moisés, Josué, Paulo, etc. Hoje ela é dita para mim e para você que por vezes vacilamos justamente por deixar o medo invadir nossos corações e com isto perdemos a ousadia no anunciar a Boa Nova de Jesus Cristo.
Precisamos não ter medo de expressar nossa revolta e indignação contra as injustiças pelas quais estão submetidos muitos de nossos irmãos. Assim sendo a palavra revolta toma um sentido positivo de forma a catalisar sua força para a luta contra todas as formas de exclusão que apontam contra a instauração do Reino de Deus.
Santo Agostinho, bispo e doutor da Igreja no Tratado antidonatista contra as cartas de Petiliano livro 2, §87: Até João Batista, a Lei e os profetas comportavam prefigurações que tinham como objetivo anunciar o futuro. Já os sacramentos da nova Lei, os sacramentos do nosso tempo, atestam a vinda daquele que os antigos proclamavam que viria. E, de todos os percursores de Cristo, João foi o mensageiro que o anunciou de mais perto. Porque todos os justos e todos os profetas dos séculos anteriores tinham desejado ver a realização daquilo que já discerniam no futuro de que o Espírito Santo levantara o véu. O próprio Senhor Jesus Cristo o disse: Muitos profetas e justos desejaram ver o que estais vendo e não viram, e ouvir o que estais ouvindo e não ouviram (Mt 13,17). Foi por isso que se disse de João Batista que ele era mais do que um profeta e que entre os nascidos de mulher não apareceu ninguém maior (Mt 11,9-11). Com efeito, os justos dos primeiros tempos só haviam podido anunciar Cristo; João Batista, por seu lado, teve a graça de anunciá-lo ainda ausente e de o ver finalmente presente. Ele viu Aquele que os outros haviam desejado ver. É por isso que o sinal do seu batismo ainda pertence ao anúncio de Cristo que está para vir, mas já no limite da espera. Até ele, houve predições da primeira vinda do Senhor; agora, depois dele, já não se prediz a vinda de Cristo, proclama-se essa vinda.
Na leitura do profeta Isaías nos é lembrado que a ação salvífica de Deus não é exclusiva, mas aberta a todos os povos. Temos aqui palavras consoladoras de um Deus que não abandonará seus filhos. Os filhos têm sede e a sede como necessidade biológica não se satisfaz com palavras ou outras coisas a não ser água; assim também o que os homens andam buscando hoje em dia, especialmente os pobres, é ser amados e considerados, ser respeitados e tratados como seres humanos, não ser humilhados e desprezados. Um mundo tão árido tem que entender que esta sede espiritual só pode ser saciada com amor.
Rezemos com o Salmista: Ó meu Deus, quero exaltar-vos, ó meu Rei, e bendizer o vosso nome pelos séculos. O Senhor é muito bom para com todos, sua ternura abraça toda criatura. Que vossas obras, ó Senhor, vos glorifiquem, e os vossos santos com louvores vos bendigam! Narrem a glória e o esplendor do vosso reino e saibam proclamar vosso poder!

Reflexão feita pelo diácono Irmão Francisco 
Fundador da Comunidade Missionária Divina Misericórdia

1ª. Leitura: Isaías 41,13-20
Salmo: 144
Evangelho: Mateus 11,11-15.