Quarta Feira – 1ª. Semana do Advento

Amados irmãos e irmãs 
“Mandou, então, a multidão assentar-se no chão, tomou os sete pães e os peixes e abençoou-os. Depois os partiu e os deu aos discípulos, que os distribuíram à multidão. Todos comeram e ficaram saciados, e, dos pedaços que restaram, encheram sete cestos”.
Mateus neste evangelho mostra exatamente que em Jesus o tempo novo chegou, é o tempo de um Deus que se compadece e cura todos os males, de um Deus que sacia a fome do seu povo. No Reino novo ninguém irá passar necessidades, ninguém terá sofrimento ou passará fome.
O Messias Jesus, apesar de sua condição de Filho de Deus, preocupava-se com os problemas materiais do povo, como foi o caso da falta de alimento para os que tinham vindo escutá-lo, numa região bastante afastada. Notem que ninguém foi a Jesus pedir nada, mas Ele percebeu a fome do povo como ainda hoje percebe e por isso se oferece na Eucaristia como verdadeiro alimento que sustenta e dá coragem.
NA MATEMÁTICA DE JESUS MULTIPLICAR SIGNIFICA DIVIDIR! O episódio da multiplicação dos pães serve também para ensinar às multidões a lição da solidariedade e da partilha. Este, sem dúvida, foi seu milagre maior e nós podemos continuar hoje este milagre da partilha distribuindo o que temos e somos para o bem de toda a comunidade.
O Papa Francisco na homilia de 30/05/2013 nos fala: “Onde iremos buscar, num deserto, pães suficientes para saciar tão grande multidão?” De onde nasce a multiplicação dos pães? A resposta encontra-se no convite de Jesus aos discípulos: Dai-lhes vós mesmos de comer (Lc 9,13) – dar, compartilhar. Que compartilham os discípulos? Aquele pouco de que dispõem: pães e peixes. Mas são precisamente aqueles pães e peixes que, nas mãos do Senhor, saciam toda a multidão. E são exatamente os discípulos, confusos diante da incapacidade dos seus meios, da pobreza daquilo que podem pôr à disposição, que mandam as pessoas acomodar-se e que distribuem — confiando na palavra de Jesus — os pães e os peixes que saciam a multidão. E isto diz-nos que na Igreja, mas também na sociedade, uma palavra chave da qual não devemos ter receio é solidariedade, ou seja, saber pôr à disposição de Deus aquilo que temos, as nossas humildes capacidades, porque somente na partilha e no dom a nossa vida será fecunda e dará fruto. Solidariedade: uma palavra malvista pelo espírito mundano!
Esta tarde, mais uma vez, o Senhor distribui-nos o pão que é o seu Corpo, fazendo-se dom. E também nós experimentamos a solidariedade de Deus para com o homem, uma solidariedade que nunca se esgota, uma solidariedade que não cessa de nos surpreender: Deus faz-se próximo de nós; humilha-se no sacrifício da Cruz, entrando na obscuridade da morte para nos dar a sua vida, que vence o mal, o egoísmo e a morte. Jesus entrega-se a nós também esta tarde na Eucaristia, compartilha o nosso próprio caminho, aliás faz-se alimento, o alimento autêntico que sustém a nossa vida inclusive nos momentos em que a vereda se torna árdua, quando os obstáculos diminuem os nossos passos. E na Eucaristia o Senhor faz-nos percorrer o seu caminho, que é de serviço, de partilha e de dom, e aquele pouco que temos, o pouco que somos, se for compartilhado, torna-se riqueza porque o poder de Deus, que é de amor, desce até à nossa pobreza para a transformar.
Na leitura do livro do profeta Isaías, o profeta diz que o Senhor Deus enxugará as lágrimas de todas as faces e tirará de toda a terra o opróbrio que pesa sobre o seu povo. É a figura do Deus que vem em socorro daqueles que sofrem e que choram.
Rezemos com o Salmista: O Senhor é o pastor que me conduz; não me falta coisa alguma. Ele me guia no caminho mais seguro. Mesmo que eu passe pelo vale tenebroso, nenhum mal eu temerei. Felicidade e todo bem hão de seguir-me por toda a minha vida; e, na casa do Senhor, habitarei pelos tempos infinitos. Amém.

Reflexão feita pelo Diácono Irmão Francisco 
Fundador da Comunidade Missionária Divina Misericórdia

1ª. Leitura: Isaías 25,6-10
Salmo: 22/23 
Evangelho: Mateus 15,29-37