NOSSA SENHORA DAS DORES

Amados irmãos e irmãs 

Quando Jesus viu sua mãe e perto dela o discípulo que amava, disse à sua mãe: “Mulher, eis aí teu filho”. Depois disse ao discípulo: “Eis aí tua mãe”.
João é o único evangelista que menciona a presença da mãe de Jesus e de discípulos junto à cruz. Nos sinóticos, Marcos, Mateus e Lucas, as mulheres permanecem à distância, observando. A mãe de Jesus é mencionada apenas duas vezes por João: no início do seu ministério, nas bodas de Caná e no final que é o momento da Cruz. Nas bodas ainda não era chegada a hora de Jesus, a mãe representa o antigo Israel, agora na Cruz a hora chegou e ela representa o novo Israel, novo povo nascido da Nova e eterna Aliança.
Simeão e Ana profetizaram que uma espada te traspassaria o coração de Maria e agora vemos o sentido de tal profecia. Maria é uma personagem que não profetiza nem fala, ou seja, ela está em silêncio total. Ela acolhe na obediência e silêncio todas as profecias sobre seu Filho. O silêncio é esvaziar-se para receber. No silêncio diminuem as defesas e fica-se pronto para receber o que vier. O silêncio se soubermos aproveitar será frutificante e benéfico para quem o cria e consequentemente para os que o cercam.
Maria apresentou a Deus o filho Jesus e o ofereceu e toda oferta é uma renúncia. Começava ali o mistério do seu sofrimento, que atingiria o cume agora que está aos pés da cruz. A cruz é a espada que transpassou sua alma. Nossa Senhora das dores nos leva a refletir as Dores de Maria, ou seja, fatos da vida de Nossa Senhora. O primeiro é a profecia do velho Simeão, que diz precisamente que uma espada transpassaria sua alma. O segundo é a fuga para o Egito e o terceiro, a perda no templo. O quarto é o encontro no caminho da cruz, o quinto é a crucificação; o sexto é a descida da Cruz e o sétimo é a sepultura. Nossa Senhora aceitou de bom grado todas as dores e sofrimentos que havia de passar enquanto Mãe de Jesus Cristo porque seu coração ardia de amor por Deus. O coração doloroso de Maria é um coração de amor a Deus e de amor aos homens. No seu sofrimento ela se associou à obra da redenção operada por Jesus.
Amar e sofrer. Se Jesus que era homem e Deus sem a menor sombra de pecado, e se Maria que também não tinha nenhum pecado sofreram, quanto mais nós que somos pecadores por vezes contumazes. Maria ama e sofre com serenidade para nos ensinar a oferecer nosso sofrimento, a associá-lo aos sofrimentos de Jesus, ou seja, é preciso dar sentido ao nosso sofrimento. O Evangelho diz que Maria estava de pé e isto deve nos inspirar a permanecer firme na fé diante das adversidades sem desesperar, com serenidade diante da vontade de Deus. Amar e sofrer com serenidade e alegria, eis o exemplo que Nossa Senhora das Dores nos dá.
Na carta aos hebreus vemos o clamor e as lágrimas do Filho e unido a isto Maria junto a Jesus submete-se à vontade do Pai. É a mulher da compaixão, pois carregou sobre si o sofrimento do Filho, numa atitude de obediência que vence o sofrimento. Precisamos aprender de Maria a compadecer e participar do sofrimento do outro e assim sofrermos com os que sofrem. O sofrimento faz parte da história individual e coletiva da humanidade. Como Jesus e Maria devemos fazer do sofrimento humano uma mediação de vida salva e serviço de amor.
Rezemos com o Salmista: A vós, porém, ó meu Senhor, eu me confio, e afirmo que só vós sois o meu Deus! Eu entrego em vossas mãos o meu destino; libertai-me do inimigo e do opressor! Amém.

Reflexão feita pelo Diácono Irmão Francisco 
Fundador da Comunidade Missionária Divina Misericórdia

1ª. Leitura: Hb 5,7-9
Salmo: Sl 30 
Evangelho: João 19,25-27