Liturgia da Dedicação da Basílica de Latrão

Amados irmãos e irmãs 

Disse aos que vendiam as pombas: “Tirai isto daqui e não façais da casa de meu Pai uma casa de negociantes”. Lembraram-se então os seus discípulos do que está escrito: “O zelo da tua casa me consome”.
O que tem por trás deste gesto de Jesus?
Destacamos aqui que a páscoa que era uma festa familiar para comemorar a libertação se transforma em festa onde a exploração domina tudo; lembramos até do nosso natal e da páscoa hoje em dia. Jesus vai acusa-los de transformar a Casa do Pai em casa de comércio.
Outra crítica de Jesus é em relação à forma com que se compravam os animais para o sacrifício que em si já discriminava os mais pobres.
A reconciliação com Deus estava sendo vendida a preço de moedas e não do coração arrependido.
Jesus quer limpar o templo de todo tipo de exploração e de injustiça e esta limpeza é um gesto de profundo simbolismo que vale até os nossos dias.
Ao afirmar, que o zelo por vossa casa me devora, Jesus não se refere somente ao templo em si, edificação material, mas ao templo vivo que é o homem e assim sendo somos levados a nos perguntar quem são estes templos vivos que estão sendo profanados? A resposta não é tão difícil assim se olharmos para os milhões de abortos, para o trabalho escravo, para a exploração sexual, para o tráfico de drogas que geram zumbis, etc.
No prefácio de hoje vemos que Deus nos dando vida sem cessar, santifica a Igreja, esposa de Cristo e mãe exultante de muitos filhos, simbolizada pelos templos visíveis.
A Basílica cuja festa nós celebramos neste domingo, é o primeiro grande templo cristão construído em Roma pelo imperador Constantino no Latrão, depois das perseguições, no século IV; é a catedral do Papa como bispo de Roma. A Basílica de Latrão é a igreja-mãe de Roma, dedicada primeiro ao Salvador e depois também a São João Batista. Foi consagrada pelo papa Silvestre no ano 324.
Ela é símbolo da unidade de todas as comunidades cristãs do mundo e nos lembra de que, todos nós estamos construídos sobre o mesmo alicerce de Jesus Cristo. Cada um de nós participa na construção da Igreja.
Na primeira leitura da profecia de Ezequiel podemos enxergar a prefiguração do lado aberto do Cristo de onde jorra água viva e a profecia já nos diz: Tudo o que essa água atingir se tornará são e saudável e em toda parte aonde chegar a torrente haverá vida.
Na primeira carta aos coríntios, Paulo usa de expressões como operários (os que trabalham); campo de Deus com Deus (o lugar trabalhado onde se planta e colhe), edifício de Deus (a construção), o templo de Deus ( morada) e destacar que em tudo o fundamento é Jesus Cristo e por este motivo se alguém destruir este templo será destruído.
Rezemos com o Salmista: Os braços de um rio vêm trazer alegria à Cidade de Deus, à morada do Altíssimo. Quem a pode abalar? Deus está no seu meio! Já bem antes da aurora, ele vem ajudá-la. Conosco está o Senhor do universo! O nosso refúgio é o Deus de Jacó! Vinde ver, contemplai os prodígios de Deus e a obra estupenda que fez no universo: reprime as guerras na face da terra. Amém.

Reflexão feita pelo Diácono Irmão Francisco 
Fundador da Comunidade Missionária Divina Misericórdia

1ª. Leitura: Ezequiel 47,1-2.8-9.12 
Salmo: 45/46
Evangelho: João 2,13-22