Festa de São Lourenço

10Amados irmãos e irmãs
“Se o grão de trigo, caído na terra, não morrer, fica só; se morrer produz muito fruto”.
Ontem Jesus nos convidava a renunciar a si mesmo e hoje Ele nos pede para sermos como grão de trigo que morre para dar vida a muitos outros grãos.
Lembremos que somos convidados a ser trigo de Cristo e trigo que se torna pão; porém não nos esqueçamos de que para ser pão o trigo precisa ser triturado.
A vida verdadeira está no desapego, inclusive no desprendimento da própria vida. É o apego à vida que gera o medo de perdê-la.
A paixão e morte de Jesus, seu sofrimento e seu sepultamento, não são estéreis, são para a vida. Assim também devemos olhar para nosso sofrimento e nossa dor não como algo estéril, mas sim algo de onde possamos tirar o melhor proveito para o crescimento espiritual.
Santo Agostinho bispo e doutor da Igreja no Sermão 302, para a festa de São Lourenço nos diz: Ele distribui do que é seu, dá aos pobres; a sua prosperidade subsiste para sempre. (Sl 111,9)
São Lourenço era diácono em Roma. Os perseguidores da Igreja pediram-lhe para entregar os tesouros da Igreja; foi para obter um verdadeiro tesouro no céu que ele sofreu tormentos cujo relato não se consegue ouvir sem horror: foi deitado numa grelha sobre as chamas. No entanto, triunfou de todas as dores físicas pela extraordinária força que extraía da sua caridade e do auxílio daquele que o tornava inquebrável: Pois nós somos obra sua, criados em Jesus Cristo em vista das boas ações que Deus de antemão preparou para nós as praticarmos. (Ef 2,10).
Eis o que provocou a cólera dos perseguidores. Lourenço disse: Tragam-me carroças nas quais possa levar-vos os tesouros da Igreja. Trouxeram-lhe carroças; ele encheu-as de pobres e enviou-lhes, dizendo: Eis os tesouros da Igreja.
Nada é mais verdadeiro, meus irmãos; nas necessidades dos pobres encontram-se as grandes riquezas dos cristãos, se compreendermos bem como fazer frutificar aquilo que possuímos. Os pobres estão sempre diante de nós; se lhes confiarmos os nossos tesouros, não os perderemos.
Na carta de são Paulo aos Coríntios lemos que Deus ama o que dá com alegria e por isto precisamos entender que o ato de praticar a caridade e doar se aos outros não é mera especulação, mas sim gesto do mais puro amor. Doar bens materiais qualquer um pode fazer; mas doar a própria vida por causa do outro só um coração cheio do amor de Deus é capaz de fazê-lo.
Rezemos com o Salmista: Feliz o homem caridoso e prestativo, que resolve seus negócios com justiça. Porque jamais vacilará o homem reto, sua lembrança permanece eternamente! Ele não teme receber notícias más: confiando em Deus, seu coração está seguro. Seu coração está tranquilo e nada teme, e confusos há de ver seus inimigos. Ele reparte com os pobres os seus bens, permanece para sempre o bem que fez, e crescerão a sua glória e seu poder.

Reflexão feita pelo Diácono Irmão Francisco 
Fundador da Comunidade Missionária Divina Misericórdia

1ª. Leitura: 2 Coríntios 9,6-10
Salmo: 111/112 
Evangelho: João 12,24-26