Festa da Transfiguração do Senhor

13873012_1039597459458812_2626426478734302372_nAmados irmãos e irmãs
“Este é o meu Filho muito amado; ouvi-o”.
Jesus não é um profeta como Elias, nem um ancião como Moisés; eles representam todo o antigo testamento que preparou o coração dos homens para o tempo da plenitude inaugurado por Jesus.
Pedro queria construir três tendas, fazer tendas significa acomodar-se e interromper a caminhada porque já se alcançou o objetivo.
Muitos de nós ainda hoje queremos parar e acomodar por julgar que já tenhamos feito o suficiente. Muitos querem apenas o Jesus glorioso da transfiguração que está no monte , mas se recusa a olhar para o crucificado do calvário.
Devemos compreender a cruz e aceitar o calvário de cada dia ( dor, luta, sofrimento, doenças, etc.), percorrer os caminhos desta vida que parecem tortuosos, mas sem tirar o olhar do transfigurado.
A voz que sai da nuvem e interpreta o acontecimento retoma a voz por ocasião do batismo (3,22; Is 42,1); à diferença que, dessa vez, a declaração do Pai se abre aos discípulos: Ele é o Messias!
Temos neste Evangelho o que chamamos de teofania (manifestação de Deus); não só teofania do Pai, que declarou ser Jesus seu Filho, ao qual se devia escutar, mas, também manifestação da própria divindade de Jesus.
Santo Efrém, diácono e doutor da Igreja no Sermão sobre a Transfiguração 1, 3 nos ensina: Ele levou-os para a montanha para lhes mostrar a glória da sua divindade e lhes dar a conhecer que era o Redentor de Israel, como lhes tinha anunciado pelos seus profetas. Eles tinham-no visto comer e beber, fatigar-se e repousar, acalmar e dormir, sentir pavor até suar gotas de sangue, tudo coisas que não pareciam estar em harmonia com a sua natureza divina e não convir senão à sua humanidade. Por isso os levou à montanha, para que o Pai lhe chamasse seu Filho e lhes mostrasse que era verdadeiramente seu filho e que era Deus. Levou-os à montanha e mostrou-lhes a sua realeza antes de sofrer, o seu poder antes de morrer, a sua glória antes de ser ultrajado e a sua honra antes de sofrer a ignomínia. Assim, quando foi preso e crucificado os seus apóstolos compreenderam que não o foi por fraqueza, mas voluntariamente e de bom grado, para a salvação do mundo. Levou-os à montanha e mostrou-lhes, antes da sua ressurreição, a glória da sua divindade. Assim, quando ressuscitou de entre os mortos na glória da sua divindade, os discípulos reconheceram que não tinha recebido a glória como recompensa das suas dores, como se disso necessitasse, mas que ela Lhe pertencia muito antes dos séculos, com o Pai e junto do Pai, como Ele próprio diz ao aproximar-se a sua paixão voluntária: Pai, manifesta a minha glória junto de Ti, aquela glória que Eu tinha junto de Ti antes de o mundo existir (Jo 17,5).
Na profecia de Daniel temos como que uma prefiguração da transfiguração onde nos é falado do filho do homem sobre as nuvens; do ancião e dos livros abertos representando a lei e a quem foram dados império, glória e realeza, e todos os povos, todas as nações e os povos de todas as línguas o serviam.
Na segunda carta Pedro, vemos que ele e os outros dois apóstolos foram aquinhoados com graça maior que os profetas, pois viram a glória do Filho e ouviram a voz do Pai que proclamava o Filho muito amado. O que eles diziam não era história de conto de fadas mas o que viram e ouviram. Rezemos com o Salmista: Deus é rei, é o Altíssimo, muito acima do universo. As montanhas se derretem como cera ante a face do Senhor de toda a terra; e assim proclama o céu sua justiça, todos os povos podem ver a sua glória. Porque vós sois o Altíssimo, Senhor, muito acima do universo que criastes, e de muito superais todos os deuses.
Reflexão feita pelo Diácono Irmão Francisco
Fundador da Comunidade Missionária Divina Misericórdia
1ª. Leitura: Daniel 7,9-10.13-14
Salmo: 96/97
2ª Carta de S. Pedro 1,16-19
Evangelho: Marcos 9,2-10