BEATO CHARLES DE FOUCAULD

15179190_1146190222132868_8279574759932491374_nPresbítero e Eremita. Apóstolo Silencioso do Evangelho.
Biografia e Espiritualidade
Charles de Foucauld, ou Carlos de Foucauld, ou Carlos de Jesus, ou ainda Irmão Carlos de Jesus como popularmente é conhecido, é o nome de um ex-militar convertido que nos deixou uma verdadeira espiritualidade do escondimento, do deserto, do serviço aos mais humildes e de uma intimidade profunda com Deus a partir do Evangelho de Jesus e de Sua presença eucarística.
Nasceu visconde em 15 de setembro de 1858, em Estrasburgo, França. Aos nove anos ficou órfão e fora criado por seu avô, o coronel de engenharia, Charles de Morlet. Seguiu carreira militar. Em 1878 o encontramos na mais aristocrata das instituições francesas, a Escola de Cavalaria de Saumur. Em 1880, como tenente do regimento de Hussardos, vai para a Argélia, colônia norte-africana francesa. Durante esta primeira juventude de jovem aristocrata, o futuro santo, teve uma vida dissoluta de amantes, luxos e prazeres, onde começou a dilapidar sua fortuna.
O contato com o deserto do norte de África, porém, lhe deu novas perspectivas de vida. Após ajudar a sufocar algumas revoltas, em lugar de voltar para França, preferiu ficar no deserto da Argélia e do Marrocos, onde escreveu dois livros de valor científico e estratégico-militar: “Reconhecimento do Marrocos” e “Itinerários do Marrocos”. Tornou-se explorador em Marrocos, chegando a receber uma medalha da Sociedade Francesa de Geografia em reconhecimento pelo seu trabalho de investigação no Norte de África.
Para isto fez longas incursões a cavalo percorrendo milhares de quilômetros pelos desertos que o colocaram em contato com a hospitalidade tradicional dos muçulmanos e aquele Sahara que o fascinou por sua imensidão, solidão e silêncio, e onde os muçulmanos rezam três vezes por dia ao Deus misericordioso e clemente.
Neste momento em que descobre o Deus sempre presente na fé dos muçulmanos, ele se pergunta por sua própria fé e começa a procurar a luz de Deus num cristianismo decadente. Até o momento em que, já em Paris, encontra o Pe. Huvelin, vigário da Igreja de Santo Agostinho. Numa conversa com ele lhe comunica: “Padre, não tenho fé. Peço-lhe que me instrua”. O padre o cortou e disse apenas: “Ajoelhe-se e se confesse! Então, crerá!” Contrariado, Charles respondeu: “Mas, eu não vim aqui para isso…” “Confesse-se!” ordenou o velho e cego padre… A partir deste momento a conversão como mudança de vida, aconteceu e aquele jovem aristocrata, mulherengo, dado aos luxos e aos prazeres, se abandona nas mãos de Deus.
Entrou num mosteiro trapista na França, mas, pouco depois, foi enviado para a Terra Santa, onde ele pretende imitar a vida oculta de Jesus em Nazaré. Após uma passagem, como jardineiro de um mosteiro de clarissas, volta para a Europa, para concluir seus estudos e se ordenar sacerdote. Em 1901 o encontramos, na fronteira da Argélia com o Marrocos no meio dos muçulmanos, no oásis de Benni-AbbSs. Ele não quer fazer proselitismo cristão, apenas ser uma testemunha vital de Jesus Cristo. Em 1904 vai viver no meio dos muçulmanos mais pobres, os tuaregs nômades.
A imagem dominante no mundo de Carlos de Foucault foi a de Jesus carpinteiro de Nazaré. Carlos de Foucault preferiu ver Jesus Salvador do mundo como obscuro carpinteiro de remota aldeia da desprezada Nazaré. Encontramos essa imagem em todas as dimensões de sua busca espiritual.
Em 1916, apesar da estima e do reconhecimento da população tuareg e muçulmana, o Pe. Charles de Foucauld se encontra no fogo cruzado da primeira guerra mundial entre franceses e alemães. No dia 1º de dezembro deste ano foi assassinado. Tinha a intenção de criar uma nova ordem religiosa, o que sucedeu apenas depois da sua morte: “os Irmãozinhos e Irmãzinhas de Jesus”, também chamados de “Irmãozinhos e Irmãzinhas de Foucauld”.
Foi beatificado pelo Papa Bento XVI em 13 de novembro de 2005.
“Aquele que vive a fé tem a alma cheia de novos pensamentos, de novos julgamentos, de novos afetos”.
Charles de Foucauld
Sua Profunda Espiritualidade:
Espiritualidade de Charles de Foucauld: dar testemunho de Cristo, de seu amor, de sua bondade e misericórdia, sem pregações ou proselitismo, apenas dando testemunho dEle em meio aos homens.
Charles de Foucauld escreveu: “Logo que descobri que existe Deus entendi que não podia mais fazer outra coisa a não ser viver por ele: minha vocação religiosa começa no exato momento em que despertou a minha fé”. Desde aquele momento, Charles se esvazia de tudo o que não é o Evangelho, “porque há uma grande diferença entre Deus e aquilo que não é Ele”.
No silêncio e no abandono, mergulha no essencial. “O nosso aniquilamento é o meio mais poderoso que temos para nos unir a Jesus e fazer o bem”. Quando ainda estava no mosteiro trapista e decidiu de deixá-lo, escreveu:
“No mosteiro passei seis anos e meio, depois, desejando querer me assemelhar a Jesus, fui autorizado a viver como alguém desconhecido, vivendo do meu trabalho cotidiano”. O coração de Charles se alarga numa dimensão universal, exatamente porque se torna pequeno, escondido, partícipe da humildade do Senhor.
Foi chamado o “irmão universal” porque abrangeu o mundo todo e todos os povos, a partir da intensidade da presença entre os Tuaregs. A universalidade tem, portanto, duas vertentes: uma é representada pela potencialidade e a intensidade da presença e a outra pela extensão e abertura até os confins da terra.
A presença e o aniquilamento não são dimensões que alimentam a tristeza da vida cristã, mas representam o caminho mais simples do seguimento de Jesus que se fez pobre e para todos ofereceu sua vida. O esvaziamento é o processo de diminuição para que, como João Batista, o missionário deixa que Deus possa intervir e agir na história dos povos e das pessoas.
Na vida de Charles de Foucauld, o protagonista que deve sempre mais aparecer e agir, através do discípulo, é o próprio Deus. Charles emprestou sua própria vida a Deus, uma vida não retida, mas doada. Quem guarda a própria vida para si, este a perde, mas quem a entrega, este a ganha.
A decisão que levou Charles de Foucauld a viver junto com os Tuaregs, os pobres do deserto, é a condição de um caminho místico. O amor radical nasce dessa entrega.
Neste caminho está o processo de evangelização: antes de evangelizar, é necessário amar. Antes de proclamar as palavras e anunciar a mensagem, ocorre vivê-la, sem arrogância e orgulho, na própria vida.
Assim os tuaregs começarão a chamá-lo de “marabuto branco”, isto é, o homem da oração e o homem de Deus. A missão de Charles de Foucauld foi o inverso do proselitismo. Enquanto este quer conquistar o outro para fazê-lo entrar no mundo do conquistador, Charles, através de sua vida, revela Deus presente e completamente comprometido com os pobres.
BREVE BIOGRAFIA DO BEATO NO SITE DO VATICANO:
Presbítero, viveu no deserto norte-africano no meio dos Tuareg. Com a sua fervorosa e generosa fé, o ardente amor por Jesus Eucaristia, o respeito pelos homens, a predileção pelos mais pobres, nos quais sabia descobrir o reflexo do rosto do Filho do Homem, ele nunca deixou de atrair, até depois da sua morte, um número cada vez maior de almas para o mistério de Nazaré.

Nasceu em Estrasburgo (França), no dia 15 de Setembro de 1858. Ao ficar órfão com 06 anos, cresceu, com a irmã Marie, sob os cuidados do avô. A formação cristã recebida na infância permitiu-lhe fazer uma sentida Primeira Comunhão em 1870.
Na adolescência distanciou-se da fé. Conhecido como amante do prazer e da vida fácil, revelou, não obstante tudo, uma vontade forte e constante nos momentos difíceis. Empreendeu uma viagem de exploração em Marrocos (1883-1884). O testemunho da fé dos muçulmanos despertou nele um interrogativo: Mas Deus, existe? “Meu Deus, se existis, fazei que vos conheça”.
Ao regressar à França, surpreendido pelo discreto e carinhoso acolhimento da sua família, profundamente cristã, inicia a estudar e pede a um sacerdote para o instruir. Guiado pelo Pe. Huvelin, encontrou Deus no mês de Outubro de 1886. Tinha 28 anos. “Quando acreditei que existia um Deus, compreendi que não podia fazer outra coisa senão viver somente para Ele”.
Uma peregrinação na Terra Santa revelou-lhe a sua vocação: seguir e imitar Jesus na vida de Nazaré. Viveu 07 anos na Trapa, primeiro em Nossa Senhora das Neves, depois em Akbés na Síria. Em seguida, viveu sozinho, na oração, na adoração, numa grande pobreza, junto das Clarissas de Nazaré. Foi ordenado sacerdote com 43 anos (1901), na Diocese de Viviers. Depois, transferiu-se para o deserto argelino do Sahara, inicialmente em Beni Abbès, pobre entre os mais pobres, depois mais ao Sul em Tamanrasset com os Tuaregs do Hoggar. Viveu uma vida de oração – meditando continuamente as Sagradas Escrituras – e de adoração, no desejo incessante de ser, para cada pessoa o “irmão universal”, imagem viva do Amor de Jesus. “Gostaria de ser bom para que se pudesse dizer: Se assim é o servo como será o Mestre?”. Quis “gritar o Evangelho com a sua vida”. Na noite de 01 de Dezembro de 1916 foi assassinado por um bando de ladrões de passagem.
O seu sonho foi sempre compartilhar a sua vocação com os outros: após ter escrito diversas regras de vida religiosa, pensou que esta “Vida de Nazaré” pode ser vivida por todos e em toda parte. Hoje a “família espiritual de Carlos de Foucauld” inclui diversas associações de fiéis, comunidades religiosas e institutos seculares de leigos ou sacerdotes dispersos no mundo inteiro.