A SANTIDADE DOS ANJOS

14519860_1082058241879400_8340621073738625805_nOs Céus foram consolidados pela palavra do Senhor e todo o seu exército pelo sopro da sua boca (Sl 32,6). É difícil deixarmos de pensar na Trindade: o Senhor que ordena, a Palavra que cria, o Sopro que consolida. O que quer dizer consolidar, senão perfazer em santidade, designando seguramente esta palavra o fato de estar solidamente fixado no bem? Mas, sem o Espírito Santo, não há santidade: as potestades do céu não são santas pela sua própria natureza, senão não se distinguiriam do Espírito Santo; cada uma delas detém do Espírito a medida da sua santidade. A substância dos anjos é talvez um sopro aéreo ou um fogo imaterial. Diz o salmo: Tens os ventos por mensageiros, por servidor uma chama de fogo (Sl 103,4). É por isso que podem estar num sítio e de seguida tornar-se visíveis sob um aspecto corporal para aqueles que são dignos disso. Mas a santidade é-lhes comunicada pelo Espírito. E os anjos mantêm-se na sua dignidade perseverando no bem, mantendo a sua escolha; eles escolhem nunca se afastar do verdadeiro bem. Como diriam os anjos: Glória a Deus no mais alto dos céus (Lc 2,14) senão pelo Espírito? Na verdade, ninguém pode dizer: “Jesus é o Senhor”, senão no Espírito Santo, e ninguém, se falar no Espírito de Deus, diz: “maldito seja Jesus” (1Cor 12,3). É precisamente o que terão dito os espíritos maus, adversários de Deus, no seu livre arbítrio. Poderiam as potestades invisíveis (Cl 1,16) ter uma vida feliz se não vissem incessantemente a face do Pai que está nos céus? (Mt 18,10) Ora, não se pode ter essa visão sem o Espírito. Diriam os serafins: Santo, Santo, Santo (Is 6,3) se o Espírito lhes não tivesse ensinado esse louvor? Se todos os seus anjos e todas as potestades celestes louvam a Deus (Sl 148,2), se milhares de milhares de anjos e inumeráveis miríades de ministros se conservam perto dele, é pela força do Espírito Santo que rege toda esta harmonia celeste e indizível, ao serviço de Deus e em acordo mútuo. São Basílio (c. 330-379), monge, bispo de Cesaréia da Capadócia, doutor da Igreja Tratado do Espírito Santo, cap. 16