A misericórdia com as criaturas

2011-10-23_14-14-32_585O Ano Jubilar da Misericórdia deve inspirar nossos corações para a acolhida terna e amorosa das criaturas que o Bom Pai nos entregou para nosso regozijo e cuidado. Uma conhecida tela pictórica do famoso Bartolomé Esteban Murilo (1617-1682), do barroco espanhol do século XVII, retrata o encontro do filho pródigo com o Pai, mostrando entre os dois personagens da parábola um cachorrinho com o rabinho abanando.

Esta cena dá um tempero de singeleza e vero similitude a narrativa, pois, quem mais que um cachorrinho se alegra espontaneamente e incondicionalmente com a chegada do seu dono, sem levar em conta o cheiro, as roupas e o descuido da sua pessoa. Sempre somos bem vindos, e teremos uma festa grátis celebrada por nossos irmãos cachorros que como outras criaturas muito revelam a misericórdia e ternura do Pai.

Não é por acaso que eles se tornaram assistentes na terapia que reabilita a muitas crianças autistas e com problemas neurológicos. A equinoterapia cada vez mais desenvolvida com pacientes portadores de diversos síndromes,mostra as possibilidades curativas destes seres amorosos. Mais, já foi proposto como medida estratégica para implantar a cultura de paz nas escolas, e diminuir a agressividade e a falta de empatia, a adoção e o cuidado de um animal doméstico.

O contrário também é verdadeiro, um sociopata e um serial killer iniciam suas trágicas atividades infringindo dor e sofrimento aos animais. Despertemos o Noé bíblico que existe dentro de nós, defendendo a aliança da vida e da integridade do planeta em cada uma das suas criaturas, porque cuidar da Casa Comum é acolher e abrigar a todos estes irmãos/ãs.

É importante afirmar que quem, mais compreende o valor desta amizade natural com as criaturas, são nossos irmãos mais pobres, uma vez que eles mais que ninguém apreciam a lealdade, o altruísmo, a companhia permanente e não raro a própria vida oferecida em defesa de seus donos e amigos. O nosso mundo é mais belo e mais fascinante com a presença alegre e palpitante, de todas as espécies, porque cada uma tem sua razão de ser e configura um sorriso do Pai que nos ama. Deus seja louvado!

Por Dom Roberto Francisco Ferreria Paz – Bispo de Campos (RJ)