6º. Domingo do Tempo Comum

Amados irmãos e irmãs27540190_1569781356440417_8272402326244729950_n

“Se queres, tens o poder de curar-me”.
Neste Evangelho vemos a figura de Jesus que passa fazendo o bem. Esta é mais uma cura onde Jesus ressalta a fé daquele que vai receber a cura. O que faz a cura acontecer na verdade não é a fé, mas a confiança em Jesus. Se estes que foram curados não confiassem na pessoa de Jesus não teriam fé e consequentemente não seriam curados.
Precisamos entender melhor esta questão de fé (acreditar que tem poder para fazer) e ter confiança (acreditar que vai fazer para mim). Lancemos mão de um exemplo: imagine que você precise fazer uma cirurgia no coração e não tem dinheiro. Você conhece o Dr. José que é o melhor cirurgião. Ter fé que ele possa fazer a cirurgia significa acreditar que ele tem capacidade técnica de fazer ao passo que ter confiança significa crer que ele não vai recusar em fazer a cirurgia de forma gratuita. Uma coisa é a pessoa saber fazer a outra é ela querer fazer.
A lepra era incurável e tida como consequência do pecado e assim, o leproso era considerado um maldito, que além da dor física, sofria também a dor moral da exclusão, que doía muito mais.
Se disséssemos que os leprosos de hoje são os presidiários, os soropositivos, os efeminados, os casais em segunda união, os dependentes químicos e as prostitutas; não estaríamos cometendo nenhum erro grave; pois para muitos eles deveriam ser segregados uma vez que se trata de casos perdidos.
Muitos moralistas de plantão estão por aí a propagar que o soropositivo está nesta situação porque teve vida devassa e desregrada esquecendo se de muitos a contraem por outros motivos e assim fazem com todos os demais.
Jesus tem compaixão , ou seja , sofre a paixão junto com o leproso; Ele não poderia sequer se aproximar daquele leproso mas ele quebra normas e não só se aproxima como cura.
Será que nós estamos nos aproximando das prostitutas, dos homossexuais, dos dependentes químicos? Ou será que por medo de ter a reputação arranhada preferimos ficar longe.
Muitos tentam se justificar que se trata de pessoas perigosas e que podem nos fazer mal e aí vem a pergunta: se agirmos com prudência será que Deus não estaria conosco?
Quando alguém na comunidade questiona sobre este perigo logo respondemos: estamos aqui e não julgamos que sejamos dignos do martírio e quiça ele viesse se frutos nosso testemunho trouxesse.
Por seu turno o leproso nada exige, mas apenas diz: se queres podes. Isto nos faz lembrar alguns pregadores modernos que usando táticas pós-modernistas desafiam Deus como que querendo obrigar Deus a fazer milagres e curas com hora marcada.
O fato de Jesus não querer que o fato fosse divulgado demonstra que Ele não estava em busca de fama, mas simplesmente de fazer o bem.
Na primeira leitura no episódio da cura de Naamã vemos que a lepra, vista como castigo divino, implicava separação, impureza, solidão. Era uma situação humanamente insolúvel, sem esperança, mas Naamã acolhe a proposta de uma jovem prisioneira israelita, e vai ao encontro do profeta que está na Samaria. Naamã deixa de lado o orgulho e o preconceito para seguir as orientações do profeta Eliseu, tão simples que parecem banais, mas é assim que recupera a saúde e dispõe-se a uma profissão de fé no Deus de Israel. O sírio nos faz ver quantas vezes somos como ele querendo exigir que Deus dê grandes sinais; que as orações sejam extensas e belas ou que tenhamos que fazer coisas difíceis para alcançar a graça. Quantas pessoas não viajam quilômetros e gastam o que não podem para visitar santuários e depois vem a decepção por ter encontrado nestes lugares o que tinha em sua paróquia. Os leprosos, sem dúvida eram o lixo da sociedade; hoje a lepra, chamada Hanseníase, está quase que erradicada, mas há que se perguntar: quem são os leprosos de nossos dias? Para o nosso Brasil diríamos que são aqueles enumerados no documento de Aparecida como rostos sofredores que doem em nós: os detidos em prisões; os migrantes; os enfermos; os dependentes de drogas e as pessoas que vivem na rua; pois se pudéssemos também o isolaríamos.
Teresa de Calcutá nos ensina que atualmente, a doença mais terrível não é a lepra; pois sabemos tratar as doenças do corpo pela medicina, mas o único remédio para a solidão, a angústia e o desespero é o amor e são muitas as pessoas que morrem por falta de um pedaço de pão, mas são muitas mais as que morrem por falta de amor.
Na segunda leitura da primeira carta de Paulo aos coríntios vemos pelo princípio da glorificação a Deus tudo o que o cristão fizer deve objetivar a glória de Deus, pois para isto é que fomos criados. Logo se vê que é impossível render gloria a Deus com algo que seja contra a moral, a ética ou os princípios cristãos. O princípio de fazer para o Senhor – E, tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração, como ao Senhor e não aos homens. O nosso amor e gratidão a Deus devem ser os princípios norteadores de nosso serviço ao Senhor. Quem faz aos homens busca recompensa de homens que nem sempre são éticas. O cristão é livre em tudo aquilo que não atenta contra a sua fé e contra o Evangelho; mas pode, por vezes, ser convidado a prescindir dos seus direitos e da sua liberdade para o bem maior que é o amor aos irmãos. O amor deve estar acima de tudo; o amor exige que não sejamos obstáculos para a salvação dos irmãos.

Rezemos com o Salmista: Eu confessei, afinal, meu pecado, e minha falta vos fiz conhecer. Disse: “Eu irei confessar meu pecado! ” E perdoastes, Senhor, minha falta. Amém

Reflexão feita pelo Diácono Irmão Francisco 
Fundador da Comunidade Missionária Divina Misericórdia

1ª. Leitura: 2 Reis 5,9-14
Salmo: 31
2ª. Leitura: 1Cor 10,31-11,1
Evangelho: Mc 1,40-45