4º. Domingo do Advento

Amados irmãos e irmãs25395879_1522396194512267_44046101803195161_n
“Ele será grande, será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi. Ele reinará para sempre sobre os descendentes de Jacó, e o seu reino não terá fim”.
A encarnação é obra de Deus, mas que irá acontecer com a colaboração do homem.
Maria, humilde jovem de Nazaré, fervorosa crente judia, esperava a realização da promessa de Deus; mas jamais imaginava que seria ela a protagonista de tão grande evento.
Deus sempre escolheu homens (Noé, Abraão, Moisés, Isaac, Jacó, João, etc.). A pergunta é: por que desta feita para a missão mais importante Ele escolhe justamente uma mulher? Aqui podemos dizer que Deus tem seus planos e que nunca a limitação da mente humana será capaz de entender; podemos sim fazer conjecturas a respeito do ocorrido como, por exemplo, o fato da mulher ser menosprezada naquela época dentro da cultura machista vigente. Outros detalhes chamam a atenção como, por exemplo, o fato de que na genealogia de Jesus consta o nome de apenas cinco mulheres (quatro pecadoras e uma toda santa). Outras mulheres as quais o anjo anunciou um filho eram estéreis e/ou idosas como, por exemplo, Sara (Isaac); a mãe de Sansão; Ana (Samuel) e Isabel (João) ao passo que para o anúncio daquela que seria a Mãe de Jesus a escolhida foi jovem e fértil!
A história de Maria mostra como é possível fazer Jesus nascer no mundo: através de um “sim” incondicional aos projetos de Deus. Maria era uma jovem mulher de uma aldeia esquecida em uma Galileia pagã de onde não podia “vir nada de bom” (palavras do apóstolo Natanael-Bartolomeu). Não consta que fosse preparada intelectualmente, ou que conhecesse teologia, muito menos que tivesse amigos ou parentes influentes e poderosos. Apesar de tudo isso ela foi à escolhida para o mais significativo fato da história da salvação. A ótica de Deus é bem outra, Deus age através de homens e mulheres sem considerar suas qualidades humanas.
Nos meios policiais para identificar alguém apesar de toda tecnologia o nome da mãe tem grande importância, aliás, antes do exame de DNA e outros podia se duvidar da paternidade, mas da maternidade jamais, pois o ventre que gerou e deu a luz não tinha como negar a filiação.
Santo Afonso Maria de Ligório bispo e doutor da Igreja nas Meditações para a oitava de Natal, nº 8 nos ensina: O nome de Jesus é um nome divino que o Senhor deu a conhecer a Maria pela voz do arcanjo Gabriel: Ao qual darás o nome de Jesus (Lc 1,31). Nome que está acima de todo o nome, o único nome pelo qual seremos salvos (Fl 2,9; At 4,12). Esse nome grande é comparado pelo Espírito Santo ao óleo: A tua fama é odor que se difunde (Ct 1,3). Por quê? Porque, explica São Bernardo, tal como o óleo pode ser luz, alimento e remédio, assim o nome de Jesus é luz para o nosso espírito, alimento para o nosso coração, remédio para a nossa alma.
Luz para o nosso espírito: foi o brilho desse nome que fez o mundo passar das trevas da idolatria para a claridade da fé. Nascemos numa terra cujos habitantes, antes da vinda do Salvador, eram todos pagãos; nós também o seríamos, se Ele não tivesse vindo iluminar-nos. Por isso, temos muito a agradecer a Jesus Cristo pelo dom da fé! Alimento para o nosso coração: tal é, mais uma vez, o nome de Jesus. Ele lembra-nos, com efeito, toda a obra dolorosa que Jesus realizou para nos salvar; é assim que Ele nos consola nas tribulações, nos dá força para caminhar na via da salvação, reanima a nossa esperança e nos inflama no amor de Deus.
Por fim, é remédio para a nossa alma: o nome de Jesus torna-a forte contra as tentações e os ataques dos nossos inimigos. Que acontece quando as potências infernais ouvem a invocação desse santo nome? Tremem e põe-se em fuga; assim fala o apóstolo Paulo: Para que, ao nome de Jesus, se dobrem todos os joelhos, os dos seres que estão no céu, na terra e debaixo da terra (Fl 2,10). O que é tentado não cairá se invocar Jesus: quem o invocar, perseverará e será salvo (cf Sl 17,4).
Na leitura do segundo livro de Samuel o rei Davi que conseguira unificar o norte e o sul formando um grande império, o povo estava feliz, pois ele impunha respeito, pelo seu exército e era ungido do Senhor; mas apesar de tudo o Deus que havia propiciado tantas maravilhas não tinha uma casa. Davi diz a Natã: “Vê: eu resido num palácio de cedro, e a arca de Deus está alojada numa tenda!” Natã respondeu: “Vai e faze tudo o que diz o teu coração, pois o Senhor está contigo” e Deus disse a Natã: Vai dizer ao meu servo Davi: Assim fala o Senhor: Porventura és tu que construirás uma casa para eu habitar? Esta página da Bíblia tem grande relevância para nós da Comunidade missionária Divina Misericórdia, pois quando surgiu a dúvida do que o Senhor Deus queria de nós, foi esta passagem que esclareceu tudo, ou seja, o Senhor quer que construas uma Casa, mas esta casa não seria uma Igreja e sim um local onde Jesus pudesse ser acolhido na pessoa dos pobres moradores de rua.
Interessante também é correlacionar esta passagem com o Evangelho para entender o que seria uma morada digna de um Deus e a resposta para nós cristãos católicos parece clara e sóbria, ou seja, esta morada é a Arca da Aliança, o ventre virginal de Maria, a toda pura, santa e sem a mancha do pecado original. Se na antiga Arca da aliança tínhamos as tábuas da lei, o maná e o cajado de Aarão na nova e eterna Arca da aliança temos JESUS!
Na leitura da carta de são Paulo aos Romanos o apóstolo nos fala que o projeto de salvação, preparado por Deus é o “mistério” que se revela em Jesus a todos os povos. O projeto de Deus é o seu plano de salvação oferecido aos homens. Ele sempre existiu, não foi algo acidental ou passageiro, mas eternamente. Deus sempre esteve e sempre estará conosco, Ele jamais abandona os seus. Somos seres amados por Deus, somos pessoas únicas e irrepetíveis. Não existe no universo ninguém iguala você e o projeto de Deus para cada um de nós é de vida plena, de felicidade total, de salvação. Ao aproximar o Natal devemos preparar o nosso coração para acolher Jesus, para aceitar seu projeto de salvação.
Encerramos esta reflexão lembrando que os céus esperaram ansiosamente pelo SIM de Maria como canta a canção:
“… Porque teus lábios tremem tanto assim. Porque não tira os seus olhos de mim. Há tanta graça estar diante de ti e o céu inteiro espera por teu sim. Não temas doce anjo do Senhor. Escuta o que agora eu vou falar, Sorri e vai ao céu anunciar: Sim eu serei a mãe do Salvador!”
Rezemos com o Salmista: Senhor, eu cantarei eternamente o vosso amor, de geração em geração eu cantarei vossa verdade! Porque dissestes: “O amor é garantido para sempre!” E a vossa lealdade é tão firme como os céus. Amém.

Reflexão feita pelo Diácono Irmão Francisco
Fundador da Comunidade Missionária Divina Misericórdia

1ª. Leitura: 2 Sm 7,1-5.8b-12.14a.16
Salmo: 88
2ª. Leitura: Romanos 16,25-27
Evangelho: Lc 1,26-38