4º. Domingo da Quaresma

17523095_1261121057306450_1612233739357371253_nAmados irmãos e irmãs
“Aquele homem que se chama Jesus fez lodo, ungiu-me os olhos e disse-me: Vai à piscina de Siloé e lava-te. Fui, lavei-me e vejo”.
Na Palestina de então os “cegos” faziam parte do grupo dos excluídos da sociedade; pois as deficiências físicas eram consideradas como resultado do pecado e por isto chegavam ao cúmulo de discutir de onde vinha o pecado de alguém que nascia com uma deficiência: se o defeito era o resultado de um pecado dos pais, ou se era o resultado de um pecado cometido pela criança no ventre da mãe.
Jesus cuspiu para fazer barro e isto soa estranho hoje, porém o uso da saliva na antiguidade dada suas propriedades terapêuticas era comum e uma forma de mostrar que Jesus queria curá-lo. O gesto de fazer lodo reproduz também o gesto criador de Deus quando amassou o barro e modelou o homem. A saliva transmitia, pensava-se, a própria força ou energia vital (sopro de Deus, que deu vida a Adão – cf. Gn 2,7). A missão de Jesus é aqui apresentada como criação de um Homem Novo.
O texto afirma que ele recobrou a visão, entrou luz em seus olhos, a vida deixou de ser uma total escuridão, a luz trouxe revelações das coisas e pessoas que estavam próximas a ele.
Isso acontece com todos aqueles que encontram a Jesus; suas vidas deixam de estar envolvidas em densas trevas. A claridade da luz da salvação em Jesus traz um colorido à vida.
O que é que, no nosso mundo atual gera escuridão, trevas, alienação, cegueira e morte?
Receber a luz que Cristo oferece é acender a “luz” da esperança no mundo. O que é que eu faço para eliminar as “trevas” que geram sofrimento, injustiça, mentira e alienação?
No centro do evangelho de hoje está a afirmação de Jesus: “Enquanto eu estou no mundo eu sou a Luz do mundo” (v. 5). A mesma luz que faz o cego ver, cega os que pensam ver. É Deus, e somente Ele, que faz com que a luz brilhe nas trevas. Que o Senhor nos conceda sempre a luz da fé e, por ela, mantenha acesa em nós a chama da esperança.
Nossa fé em Jesus precisa nos levar a superar os valores do mundo e os seus preconceitos e assumir os riscos que ela comporta, denunciando toda maldade fruto das trevas. Quem se cala e se omite diante do pecado é tal e qual o pecador que o comete!
O “cego” da nossa história é um símbolo de todos os homens e mulheres que vivem na escuridão, privados da “luz”, prisioneiros dessas cadeias que os impedem de chegar à plenitude da vida.
A primeira leitura do Livro de Samuel conta a escolha de David para rei de Israel e a sua unção, reflitamos sobre a unção que recebemos no dia do nosso Batismo e que nos constituiu testemunhas da “luz” de Deus no mundo. A leitura mostra, mais uma vez, que Deus tem critérios diferentes dos critérios humanos e que a sua lógica nem sempre coincide com a nossa. “Deus não vê como o homem; o homem olha às aparências, o Senhor vê o coração”.
Na segunda leitura da carta de são Paulo aos Efésios, o apóstolo propõe aos cristãos de Éfeso que recusem viver à margem de Deus (“trevas”) e que escolham a “luz”. Explica que viver na “luz” é praticar as obras de Deus (a bondade, a justiça e a verdade). Para Paulo, viver nas “trevas” é viver à margem de Deus, recusar as suas propostas, viver prisioneiro das paixões e dos falsos valores, no egoísmo e na auto suficiência e é vergonhoso até falar o que faz de errado.
Ao contrário, viver na “luz” é acolher o dom da salvação que Deus oferece e aceitar a vida nova que Ele propõe, escolher a liberdade, tornar-se “filho de Deus”. Desperta, tu que dormes! Levanta-te dentre os mortos e Cristo te iluminará!
O Quarto Domingo da Quaresma é tradicionalmente conhecido como o Domingo “Laetere”, palavra de origem latina que significa Alegria. É como dar uma pausa e antecipar as alegrias pascais. Pode se usar a cor rósea na liturgia.
Rezemos com o Salmista: O Senhor é o pastor que me conduz; não me falta coisa alguma. Pelos prados e campinas verdejante ele me leva a descansar. Para as águas repousantes me encaminha e restaura as minhas forças. Felicidade e todo bem hão de seguir-me por toda a minha vida; e na casa do Senhor habitarei pelos tempos infinitos. Amém.

Reflexão feita pelo Diácono Irmão Francisco
Fundador da Comunidade Missionária Divina Misericórdia

1ª. Leitura: 1 Samuel 16,1.6-7.10-13
Salmo: 22/23
2ª. Leitura: Efésios 5,8-14
Evangelho: João 9,1-41 ou 1.6-9.13-17.34-38