28º. Domingo Comum

14572210_1091325677619323_519901166579308434_nAmados irmãos e irmãs
“Não ficaram curados todos os dez leprosos? Onde estão os outros nove? Não se achou senão este estrangeiro que voltasse para agradecer a Deus”?
A palavra chave de toda liturgia deste domingo é:gratidão!
Nós já conhecemos a situação dos leprosos e do ponto de vista religioso, eles eram desprezados e excluídos da graça de Deus. O Levítico descreve a situação com detalhes: “O leproso portador desta enfermidade trará suas vestes rasgadas e seus cabelos sem pentear; cobrirá o bigode e clamará: Impuro! Impuro!… morará à parte: sua habitação será fora do acampamento” (Lv 13,45-46). A lepra era tida como castigo de Deus e somente Deus podia libertar a pessoa de tal enfermidade (Nm 12,9-13).
A palavra “Estrangeiro” com a qual Jesus se refere ao samaritano nos induz a pensar que os outros nove eram Judeus. Por que será que não voltaram?
Não voltaram porque pensaram que eram merecedores da cura e agora o mais importante a fazer era apresentar-se diante do sacerdote do templo, que iria homologar a cura.
“Você merece!”. Por que será que Deus atende a alguns e a outros não? Talvez isto nós não possamos compreender mas com certeza podemos afirmar que diante de Deus o critério não é o do merecimento à luz da inteligência humana.
Não coloquemos nossas virtudes e trabalhos pastorais, como uma forma de pagar á Deus pelos inúmeros benefícios que Ele nos concede no dia a dia. A gratidão e o louvor que expressamos por esse Deus deve ser principalmente porque Ele nos ama do jeito que somos agora.
Quando você sofrer uma ingratidão lembre se desta passagem do Evangelho que nos mostra que a ingratidão é algo comum, majoritário, no comportamento humano.
Quando alguém está precisando de ajuda – seja porque está doente, com dificuldades financeiras, solitário, deprimido, em qualquer situação de crise é um momento e uma fase de fragilidade e carência. Para o orgulho humano, precisar do outro é humilhante – ainda que aquele que ajude esteja ajudando sem nenhum interesse algum.
Quando a pessoa que recebeu a ajuda se vê numa situação melhor, de maior segurança e até de euforia, a pessoa não quer mais se lembrar daquele instante de fragilidade, quer negar para si mesma que precisou de apoio, quer atribuir todas as suas conquistas apenas a si mesma, aos próprios méritos. Não quer dividir o sabor da vitória, então, nega o benfeitor e o esquece, fazendo aquilo que o ditado popular fala: “cospe no prato que comeu”.
Assim, podemos concluir que o que atrapalha a gratidão em todos os casos é o orgulho – de não se admitir que estivesse em situação difícil.
Peçamos a Deus a graça de considerar que nossos papéis de ora necessitar de ajuda e ora ter que ajudar se alternam no decorrer da vida. Temos momentos de fragilidade (ao nascer, ao adoecer, ao aproximar a morte); assim como temos oportunidade de ajudar alguém em outros momentos.
Na primeira leitura do segundo livro dos Reis vemos que o sírio Naamã em sinal de gratidão retorna para agradecer e oferecer um presente ao profeta Eliseu. O profeta Eliseu ao recusar justifica que o faz pelo Senhor que serve, é como se estivesse a nos ensinar de graça recebemos os dons e de graça devemos usá-los em favor dos irmãos.
Na segunda leitura da segunda carta de são Paulo a Timóteo o apóstolo lembra que seus sofrimentos tem uma causa que vale a pena. Acorrentam o homem que anuncia, mas jamais a Palavra que é anunciada, ela não se deixa acorrentar. Devemos suportar tudo por amor aos escolhidos para que eles também se salvem. Nós que sem merecimento nos intitulamos discípulos missionários devemos ter a exata noção de que muitos se inspiram em nós e o nosso fraquejar pode levar muitos a perdição.
Rezemos com o Salmista: O Senhor fez conhecer a salvação e, às nações, sua justiça; recordou o seu amor sempre fiel pela casa de Israel. Os confins do universo contemplaram a salvação do nosso Deus. Aclamai o Senhor Deus, ó terra inteira, alegrai-vos e exultai! Amém.

Reflexão feita pelo Diácono Irmão Francisco
Fundador da Comunidade Missionária Divina Misericórdia

1ª. Leitura: 2 Reis 5,14-17
Salmo: 97/98
2ª. Leitura: 2 Timóteo 2,8-13
Evangelho: Lucas 17,11-19