27º. Domingo Comum

Amados irmãos e irmãs 

“Deus os fez homem e mulher. Por isso, deixará o homem pai e mãe e se unirá à sua mulher; e os dois não serão senão uma só carne. Assim, já não são dois, mas uma só carne. Não separe, pois, o homem o que Deus uniu.” Neste Evangelho vemos que Jesus elevou o matrimônio à categoria de sacramento. A Lei de Moisés se opõe ao projeto original de Deus afinal a mulher era muito discriminada e então Jesus põe homem e mulher em pé de igualdade e condições. Homem e mulher formam uma unidade perfeita, só comparável à união de Cristo e da sua Igreja, como ensina Paulo e o traço mais original desta união é o amor que se traduz na entrega e doação um ao outro, do amor que busca o bem e a felicidade do outro, do amor capaz de renunciar-se a si mesmo, do amor que sabe ser fiel. Toda escolha implica em renúncia, mas a escolha de uma mulher implica na renúncia de todas as outras e vice versa.
Deus une para sempre e o que Ele uniu ninguém pode separar. Quando ouvimos que o homem e a mulher formarão uma só carne logo pensamos que no ápice deste amor, no ato conjugal que gera vida e faz nascer uma criança. Esta criança é uma só carne e nela não há como separar o que é do pai e o que é da mãe e eis aí o grande mistério. A ciência por mais desenvolvida que seja não consegue gerar vida humana sem que haja o concurso de homem e mulher, sem que haja esta união tão querida por Deus e tão vilipendiada nos dias de hoje. A criação do homem e a criação do matrimonio são simultâneas; tem a mesma fonte: Deus; e a mesma meta: comunicar a vida; portanto o matrimonio não é só uma instituição sociológica, ou algo privado entre o homem e a mulher.
Na misericórdia ensinada por Jesus, não nos deve faltar a compreensão com os casais de segunda união ou outras variantes de família e quem nos ensina muito sobre isto é a Exortação Apostólica “Familiaris Consortio” de 22 de novembro de 1981, de São João Paulo II. Vamos citar trechos do no. 84 e 85 desta exortação: 84: Saibam os pastores que, por amor à verdade, estão obrigados a discernir bem as situações. Há, na realidade, diferença entre aqueles que sinceramente se esforçaram por salvar o primeiro matrimônio e foram injustamente abandonados e aqueles que por sua grave culpa destruíram um matrimônio… Há ainda aqueles que contraíram uma segunda união em vista da educação dos filhos, e, às vezes, estão subjetivamente certos em consciência de que o precedente matrimônio irreparavelmente destruído nunca tinha sido válido. Juntamente com o Sínodo exorto vivamente os pastores e a inteira comunidade dos fiéis a ajudar os divorciados, promovendo com caridade solícita que eles não se considerem separados da Igreja, podendo, e melhor devendo, enquanto batizados, participar na sua vida. Sejam exortados a ouvir a Palavra de Deus, a frequentar o Sacrifício da Missa, a perseverar na oração, a incrementar as obras de caridade e as iniciativas da comunidade em favor da justiça, a educar os filhos na fé cristã, a cultivar o espírito e as obras de penitência para assim implorarem, dia a dia, a graça de Deus. Reze por eles a Igreja, encoraje-os, mostre-se mãe misericordiosa e sustente-os na fé e na esperança.
85. Desejo ainda acrescentar uma palavra para uma categoria de pessoas que, pela situação concreta em que se encontram – e muitas vezes não por sua vontade deliberada – eu considero particularmente junto do Coração de Cristo e dignas do afeto e da solicitude da Igreja e dos pastores. Infelizmente há no mundo muitíssimas pessoas que não podem referir-se de modo algum ao que poderia definir-se em sentido próprio uma família. Grandes setores da humanidade vivem em condições de enorme pobreza, em que a promiscuidade, a carência de habitações, a irregularidade e instabilidade das relações, a falta extrema de cultura não permitem praticamente poder falar de verdadeira família.
Portanto que ninguém saia em nome da igreja apontando o dedo para quem está em nova união ou outra situação sem conhecer os documentos da Igreja. Tem muita gente falando besteira por aí em nome de uma moral falaciosa que não traduz o pensamento oficial da Igreja e muito menos a misericórdia ensinada pro Jesus. Tudo que foi dito acima é do penúltimo Sínodo das famílias e sempre é bom lembrar que OUTRO Sínodo foi realizado e nos deu um grande presente que é a Exortação Apostólica “Amoris Laettia” que além de confirmar tudo o que foi dito tem todo um capítulo especial que é o oitavo sobre tais situações.
Na primeira leitura do livro do Gênesis vemos que após a criação Deus confiou ao homem a missão de dar nome aos animais e dar nome significa domínio e posse, Deus confere autoridade ao homem em relação aos outros seres criados associando o homem à obra criadora. Para que o homem se realizasse completamente, Deus vai intervir de novo e assim dar lhe uma companheira. O homem não foi criado para a solidão, para viver fechado em seu egoísmo e autossuficiência, mas sim para a comunhão com os irmãos. O que vemos hoje é a preocupação com dinheiro, com realização profissional, com poder e fama, esquecendo-se do amor, renunciando a família, os amigos e o próprio Deus. Infelizmente muitos ao atingir este topo mundano descobre que tem tudo (dinheiro, poder, fama, etc.), mas não é feliz, não tem amigos e nem família e a solidão o corrói; pois nem mesmo Deus ele tem.
Na segunda leitura da carta aos hebreus quando se fala inferior aos anjos é preciso entender que se fala do homem Jesus que aceitou despojar-se das prerrogativas divinas assumindo integralmente a condição humana exceto o pecado. Tudo isto para mostrar, com a sua vida e o seu exemplo, que só chegaremos à plenitude da vida se fizermos a vontade do Pai. Ele se humilhou por nós e não teve vergonha de nos chamar irmãos e tudo porque o diferencial é a qualidade do amor de Deus pelos homens.
Em outubro lembramos vários santos como, por exemplo, santa Teresinha, são Francisco, Teresa D’Avila, são Benedito, frei Galvão, São Judas, Nossa senhora Aparecida e Nossa Senhora do Rosário, etc. Outubro é também o mês das missões, do Santo Rosário e para nós brasileiros mês de escolher nossos governantes e por isto como pede o papa neste mês rezemos o terço junto com a antífona mais antiga de nossa Senhora e a oração de são Miguel.
À Vossa proteção recorremos, Santa Mãe de Deus. Não desprezeis as nossas súplicas em nossas necessidades, mas livrai-nos sempre de todos os perigos, ó Virgem Gloriosa e Bendita.
São Miguel Arcanjo, protegei-nos no combate, defendei-nos com o vosso escudo contra as armadilhas e ciladas do demônio. Deus o submeta, instantemente o pedimos; e vós, Príncipe da milícia celeste, pelo divino poder, precipitai no inferno a Satanás e aos outros espíritos malignos que andam pelo mundo procurando perder as almas. Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.
Rezemos com o Salmista: O Senhor te abençoe de Sião, cada dia de tua vida, para que vejas prosperar Jerusalém, e os filhos dos teus filhos. Ó Senhor, que venha a paz a Israel, que venha a paz ao vosso povo! Amém.

Reflexão feita pelo Diácono Irmão Francisco
Fundador da Comunidade Missionária Divina Misericórdia

1ª. Leitura: Gn 2, 18-24
Salmo: 127
2ª. Leitura: Hb 2, 9-11
Evangelho: Mc 10, 2-16