23º. Domingo Comum

14183868_1062235213861703_4294377086721169099_nAmados irmãos e irmãs
“Quem não carrega a sua cruz e me segue, não pode ser meu discípulo”.
O Evangelho nos leva a refletir que a adesão ao projeto de Jesus, a conversão do coração, não pode ser resumida a mera experiência de um retiro de final de semana; mas sim de gestos concretos no dia a dia que nos faz discípulos missionários.
Outro detalhe importante a destacar é que a palavra odiar aqui empregada devido à pobreza do vocabulário tem o significado de preferir menos; assim sendo odiar o pai e a mãe significa preferi-los menos que Jesus: Jesus é a prioridade, a primeira escolha.
Também não podemos nos esquecer de que Jesus formou um grupo (apóstolos) e deixaram tudo para trás.
A prudência de que fala o mestre é que antes de deixar tudo e seguir Jesus precisamos ter a prudência de calcular o que tudo isto significa. Seguir Jesus não é seguir uma ideologia política ou filosófica de vida; não é estar num clube de serviço tipo Lions ou Rotary. Quem pensar assim vai ficar pelo meio do caminho, será zombado por não ter conseguido seguir Jesus.
Cremos que agora podemos dizer que entendemos o “porque” dizer que o seguimento de Jesus não pode ser resumido à emoção ou algo miraculoso que tenha acontecido num retiro de fim de semana.
Para seguir Jesus é preciso desapegar das questões afetivas e familiares, é preciso aceitar os riscos das perseguições e incompreensões que muitas vezes começam com os próprios familiares. É preciso renunciar aos bens materiais e a segurança terrena.
Notamos que a maioria das pessoas que dizem seguir Jesus na verdade o faz de fachada; pois continuam apegadas às pessoas, a bens materiais, etc. Trata-se de um falso relacionamento que só pode levar a perdição.
Por outro lado muitos dos que fazem opção radical também abandonam o seguimento diante das perseguições.
Tudo isto acontece porque as pessoas se recusam a passar pela fase do discernimento vocacional para entender ao que foi chamada. É por isto que a Igreja não tem pressa quando o assunto é o discipulado. Precisamos estudar bem as várias situações para compreender nosso chamado e assim depois de dar o SIM não se tornar motivo de escândalo. Não ser banana no cacho errado.
Não é porque gosta, acha bonito e se encaixa é que seja para você. Veja o exemplo de um gomo de mexerica que pode perfeitamente se encaixar na vaga de um dente de alho, mas ali não é o seu lugar. Na Igreja não existe lugar para carreira solo, é preciso seguir Jesus. Tem muito cristão católico querendo ser independente, lembrem se que Jesus disse que precisamos estar lidados na videira, pois o galho solto, seca, morre e é lançado ao fogo.

Outro erro que não podemos incorrer é o de achar que nossa cruz é a maior e mais pesada e ai vamos cortando pedaços como, por exemplo, abandonando familiares que traz problemas, fugindo dos que precisam de nós, buscando soluções fáceis e mundanas como o divorcio, aborto, eutanásia, etc.

Mas por graça de Deus temos uma minoria que perseguida, sofrida e incompreendida segue em frente assumindo suas fraquezas e reconhecendo a força que vem de Deus e que as mantém firmes.
Nós cristãos não podemos nos esquecer de que somos minoria; pois se no mundo temos sete bilhões de habitantes, destes apenas dois bilhões são cristãos e pouco mais de um bilhão é cristão católico e dentro deste bilhão muitos se dizem católicos, mas não assumem o seu batismo.
Na primeira leitura do livro da Sabedoria o autor sagrado nos fala que se não conseguimos compreender as coisas da terra como querer então compreender e penetrar nos mistérios do céu. O Espírito Santo que nos é enviado penetra o íntimo do nosso ser e conhece nossas intenções.
Na segunda leitura vemos a belíssima página em que nos é narrado a intercessão do ancião e prisioneiro Paulo em favor de Filemon. Paulo demonstra nutrir tanto amor por Filemon que mesmo sabendo de sua situação de escravo, pede ao seu “senhor” que ele seja acolhido não mais como escravo, mas sim como irmão.
Ao olhar para esta carta lembramos a falta que faz em nossas comunidades das chamadas cartas de recomendação de um irmão que muda de comunidade. Infelizmente a maioria tem que se auto apresentar ao novo pároco e às vezes isto cria constrangimento; sem contar as velhas raposas da nova comunidade que estando de plantão saem logo a dizer era ministro lá na outra comunidade aqui a história é diferente! Peçamos ao bom Pai para que não permita em nossos corações tais sentimentos em relação aos irmãos neófitos.
Rezemos com o Salmista: Ensinai-nos a contar os nossos dias e daí ao nosso coração sabedoria! Senhor voltai-vos! Até quando tardareis? Tende piedade e compaixão de vossos servos! Saciai-nos de manhã com vosso amor, e exultaremos de alegria todo o dia! Que a bondade do Senhor e nosso Deus repouse sobre nós e nos conduza! Tornai fecundo, ó Senhor, nosso trabalho. Amém.

Reflexão feita pelo Diácono Irmão Francisco
Fundador da Comunidade Missionária Divina Misericórdia

1ª. Leitura: Sabedoria 9,13-18
Salmo: 89/90
2ª. Leitura: Filêmon 9-10.12-17
Evangelho: Lucas 14,25-33